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Diagnóstico da dengue: detalhes importantes

Autor: Dr. Dennis Armando Bertolini

@prof.dennisbertolini

 

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 2023 foi o ano com maior registro histórico de casos de dengue, com mais de 4 milhões de novos casos, sendo o Brasil o país com maior número de casos e maior número de casos graves. Diante disso, em 2023, a OPAS emitiu um alerta epidemiológico sobre a circulação sustentada da dengue nas Américas e seu impacto nas áreas endêmicas, reforçando a necessidade de medidas preventivas e a intensificação de ações para preparar os serviços de saúde.

Considerando o comportamento da dengue registrado nas primeiras semanas de 2024, com um aumento exponencial dos casos notificados em vários países da Região das Américas, seguido de um ano em que foi registrado o maior número de casos de dengue notificados nas últimas décadas nas Américas, a OPAS reitera que intensifiquem os esforços e as ações de controle do mosquito Aedes aegypti (principal vetor de transmissão), além de dar continuidade às ações de vigilância, diagnóstico e tratamento oportuno dos casos de dengue.

A confirmação laboratorial da infecção por dengue, assim como das outras arboviroses – Zika vírus e Chikungunya, é baseada em testes virológicos (RT-PCR, detecção do antígeno NS1 por ELISA e, em alguns casos, isolamento viral em cultura para caracterização adicional) e sorológicos (detecção do anticorpo da classe IgM). Os testes virológicos (RT-PCR, NS1 e isolamento viral) devem ser priorizados para a confirmação do caso e realizados em amostras coletadas durante os primeiros cinco (05) dias após o início dos sintomas (fase aguda). Após o sétimo dia do início dos sintomas, o diagnóstico deve ser feito com a pesquisa do anticorpo da classe IgM, devendo ser analisado com cuidado devido a possibilidade de reação cruzada com outros flavivírus (Zika vírus, febre amarela, etc.) e detecção inespecífica, por isso a recomendação para o uso preferencial de técnica imunoenzimática de captura de IgM.

A que se ressaltar que não é fácil para o sistema público e/ou privado definir corretamente o tempo do início dos sintomas, o que faz com que as técnicas de RT-qPCR e NS1 não tenham uma alta positividade, principalmente pelo fato de não respeitar o período de seis dias iniciais de sintomas.

A OPAS também não recomenda o uso de testes imunocromatográficos ou rápidos (NS1 e/ou anticorpos), pois sua baixa sensibilidade pode levar a resultados falso-negativos; seu uso deve ser limitado a estudos comunitários sob protocolos estabelecidos, mas em nenhum caso para descartar a infecção ou implementar condutas médicas.

Além disso, a dengue e COVID-19 são difíceis de distinguir porque compartilham características clínicas e laboratoriais, além disso, ambas podem se apresentar como uma coinfecção, podendo levar ao subdiagnóstico de dengue.

Figura 1 – Curvas da reação de RT-qPCR para Arbovírus. QuantStudio 5 Real-Time PCR System – Appliedbiosystems. DEN2: Dengue sorotipo 2; CHIK: Chikungunya; DEN4: Dengue sorotipo 4; DEN3: Dengue sorotipo 3: CI2: Controle Interno 2; DEN1: Dengue sorotipo 1; CI1: Controle Interno 1; ZIKA: Zika vírus.